A Tartuferia San Paolo, no Jardim Paulista, resolveu aceitar uma forma inusitada de pagamento: a criptomoeda descentralizada bitcoin
Por Mariana Fonseca – Exame
São Paulo – Quem está de olho em investimentos de risco sabe que há algum tempo só se fala em uma opção: comprar bitcoins.
Não é para menos: desde o início do ano, o preço da moeda virtual quadruplicou e chegou ao seu recorde histórico, chegando a ser comercializada a 4.320 dólares. No Brasil, seu valor chega a 14.000 reais por moeda.
Alguns dos atrativos da moeda para os investidores, além da rentabilidade, são criptografia das transações, o que dá mais segurança na transferência de valores, e o controle descentralizado que a rege. A bitcoin não é administrada por nenhum país ou sistema bancário; os pagamentos podem ser feitos por qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo, de forma ágil e sem intermediários.
Porém, será que a onda da bitcoin irá se espalhar para além dos investidores de risco? Veremos a criptomoeda descentralizada ser usada como meio de pagamento no varejo comum, assim como se paga algo por boleto ou se passa um cartão de crédito?
Alguns empreendimentos apostem nesse futuro. É o caso da Tartuferia San Paolo: o restaurante, localizado na Alameda Lorena (São Paulo), resolveu aceitar recentemente a bitcoin como mais uma forma de pagar a conta.
A Tartuferia
A ideia da Tartuferia nasceu no ano de 2001, quando o empreendedor serial Lalo Zanini queria montar um negócio tão inovador quanto seu anterior: a popularização da bebida absinto no Brasil. Além de possuir cerca de 50 casas pelo Brasil e pelo exterior, Lalo presta consultoria para pequenas empresas e startups que queiram montar projetos gastronômicos.
Naquele ano, surgiu a ideia de pegar um dos ingredientes mais caros do mundo – a trufa italiana – e colocá-la em todos os pratos de um restaurante com preços acessíveis. “Queria tirar aquela coisa de comer trufa em um prato de 500, 600 reais”, conta o empreendedor.
Zanini fez muita pesquisa e depois visitou à Itália, com o objetivo de ver o processo e entender o que encarecia o produto final. Cerca de cinco anos depois, o projeto da Tartuferia San Paolo estava formatado. O restaurante foi lançado há três anos.
“Foram mais de doze anos de pesquisa, portanto. É a primeira casa de trufa do mundo com uma leitura brasileira e preço muito acessível”, defende o empreendedor. O ticket médio fica entre 96 e 112 reais por pessoa.
Para chegar à mesa do restaurante, a trufa é caçada por cães treinados nos campos da Itália, de onde embarca para o Brasil em tempo recorde, a fim de garantir seu frescor na hora de servir.
“Entendi que o mercado de restaurantes no Brasil ainda era muito verde, e quase tudo que você põe pode virar moda. Logo no primeiro dia, já enchemos”, diz Zanini.
O movimento do restaurante se consolidou quando o empreendedor colocou na Tartuferia a possibilidade de parcelar a conta em três vezes sem juros no cartão de crédito. O faturamento subiu 30% com a novidade.
Hoje, a Tartuferia San Paolo possui sete unidades em operação e espera crescer 65% neste ano em comparação com o ano passado. O plano é abrir outras dez casas no ano que vem, expandindo tanto com unidades próprias quanto pelo sistema de franquias.